Mil Novecentos e Sessenta e Dois
Luiz C@rlos da Silva
Em agosto de 1962 foi minha vez, Eu Luiz Carlos da Silva, como muitos também tenho alguns pseudônimo, entre eles Bicalo (pelo tio José Carlos), Luizinho, Tuca, Neguinho, Bico Doce, Carlinhos, Luizão, Carlão, Carlos, Negrão ou simplesmente Luiz Carlos. Tenho comigo que não existe meio amigo, quem é seu amigo sempre será em qualquer momento e lugar, aqueles que faceiam logo se percebe mas prefiro não ter inimigos.
Vou agregando sempre mais amizades por onde passo. Como diz o saudoso Wilson Simonal “ Quando eu era neném não tinha talco, mamãe passou açúcar em mim”!
Carisma, amabilidade, generosidade, um pouco de beleza (sou suspeito para falar desse detalhe prefiro ficar com as opiniões).
Quando cheguei tive uma infância normal, naquele tempo as passagens lúdicas das épocas eram vividas na mais completa veracidade por nossas mentes, claro que se não fosse pelo nossos pais, a vó Divina, talvez não teríamos esses momentos, nas época da Páscoa por exemplo no domingo meus pais desenhavam os pés dos coelhos pelo quintal, escondiam os ovos de Páscoa pelo jardim e quando passava das 9:00hs minha mãe dizia:
___ O coelhinho passou por aqui e deixou um presentinho escondido para vocês, quando a mamãe falar já, podem procurar……
O Beto, Eu, a Márcia, a Lúcia saíamos a procura dos ovos de chocolate que o tal coelhinho havia deixado no quintal, e cada um vinha com o seu achado todos felizes da vida, era muito legal, claro que não posso ser injusto de não mencionar a Dona Isaura Conceição minha madrinha de batismo que colaborou e muito com essas brincadeiras, deu muitos presentes foi uma pessoa importante e muito participativa na educação e no nosso convívio familiar.
Na época de Natal, era a mesma coisa, Papai Noel era fato concreto para mim e meus irmãos ele existia e não se falava mais nisso, acreditávamos piamente nisso, que à meia noite ele chegaria com nossos presentes, desceria pela chaminé que não existia e deixaria tudo em frente da árvore de Natal isso foi até meus 9 anos aí caiu a ficha mas como tradição é tradição foi bom enquanto durou…
Lembro dos piquenique no quintal com bolachinha, café com leite, chocolate, pão com mortadela, manteiga, doces de arroz e balinhas ,nada mal para nosso padrão de simplicidade mas o famoso pique nique “C.o.q.T.” (com o que tem). Pelo menos umas três vezes por semana minha mãe organizava um mini banquete desses em nosso quintal, forrava o chão com uma toalha de mesa preparava os quitutes e assim era feito, às vezes nossos primos Ana Maria, Paulo Sérgio, Selma Cristina, o Marco Antônio participavam harmoniosamente, a molecada se fartava com aquelas guloseimas.
Fui um moleque meio que peralta, gostava de brincadeiras emocionantes, várias vezes deixei a pele de meus dedos no asfalto por conta da distração ao andar coletivamente num carrinho de rolimã, saía com os dedos, braços, joelhos todos ralados pelos tombos mas sobrevivemos.
Era fissurado por futebol jogava bola o dia inteiro tanto que fui jogar no Palmeiras na época do Jorge Mendonça, na Portuguesa de Desportos na época do Enéas e no Saad de São Caetano, voltando à infância! Sabendo disso um amigo de infância o Sérgio (o Ferrugem) gostava de sacanear todo mundo, mas nunca pensei que ele faria comigo, quanta ingenuidade, mas fez, um dia ele pegou uma caixa de sapatos um pouco grande e encheu de tijolos e pedras, colocou uns 50 metros de distância sabendo também que eu era bom de corrida e bom de bola falou:
____ Luiz tá vendo aquela caixa, vamos apostar uma corrida e ver quem chega primeiro e chuta? Você vai perder há hahaha!!!!!
Eu com meus botões, bom de corrida, chute forte esse Enferrujado não é páreo… Aí nos posicionamos e ele falou:
____ No três corremos! Um, dois, três, e já!
E saí igual uma bala, parecia um Corisco, ele é claro correu para não chegar, eu igual o Usain Bolt parecia uma locomotiva menos de 5 segundos estava eu na caixa!
___ Dei aquela bicuda pow#@%!+ que parecia que ia fazer o gol do título, a caixa se móvel uns centímetros pois estava pesadíssima, eu cheguei a dar uma cambalhota e caí, quando olhei pro Sérgio Ferrugem, o cara ria igual um descontrolado e eu com a maior cara de Ué! Obviamente quem passou pela rua naquele momento se solidarizou com o sorriso do Ferrugem contra o meu mico e riam também da minha cara. Fiquei uns dois minutos no chão, levantei e o cara rindo igual um louco, meu pé latejava devido o forte impacto e começou a inchar aí não pensei em mais nada, levantei mancando deixei minha timidez de lado e dei-lhe um belo cola brinco daqueles, um senhor tapão na orelha que meu pai chamava de pé de ouvido deixando a estampa de meus cincos dedos marcados naquela cara sardenta daquele amigo sem graça. Virei as costas e fui embora, mas não chorei.
O belo adormecido
O Morpheus Deus do Sono sempre foi meu amigão, era encostar em algum lugar, soneca à vista!!!!!
Certa vez um pouco depois de aprender a dar os primeiros passos, aprontei uma peripécia daquelas, neste tempo já dava umas pedaladas em meu triciclo e ia pra cima e pra baixo em nosso grande quintal.
Minha mãe era muito cuidadosa e não tirava o olho um momento mas tem um dia em que a tipicidade se faz presente e foi neste dia…. O tal Luiz Carlos que parecia um batatinha, que não tinha nem um metro de altura inconscientemente resolveu aprontar e o fez.
Antes porém vou falar um pouco das minhas passagens soníferas.
Minha mãe me de chamava de Belo adormecido pois onde eu me encostava dormia, dormia que o espírito parecia que abandonava o corpo sem culpa nenhuma, por várias vezes na minha tenra idade, minha mãe preparava meu banho na bacia nisso ela colocava água morninha uns patinhos, alguns brinquedos tudo de plásticos e me deixava banhando, quando ela voltava para dar uma olhada eu estava dormindo tranquilamente tirando aquela soneca e assim o fiz por muito tempo e em outras modalidades.
Certa vez como quem não queria nada e não queria mesmo, fui no quintal, comi umas amoras, puxei o rabo do Bobe (nossa cachorro de estimação que parecia um Dálmata), dei umas pedaladas no meu triciclo e eis que resolvi voltar para o interior de casa sorrateiramente entrei dentro do guarda roupas para brincar, chegando lá estava tão confortável que me acomodei e fui me desconectando até que peguei no sono mas não foi um soninho atoa não, foi aquele sono que você desliga a geral e fica zen, aqueles que audição zera, o espírito abandona o corpo enfim aquele que você só acorda quando cansou de dormir. Nisso minha mãe de tanto me procurar e não me encontrando, surtou e saiu gritando desesperadamente! Quando ela cansou de gritar pelo meu nome no quintal de casa, saiu gritando pela rua, Liz Carlos, Liz Carlos me ajudem meu filho sumiu e gritava, gritava, cadê meu filho nisso estava um bom contingente a minha procura se não me falha a memória o Luis Paulo ( do seu Rui), o finado gigante o Reinaldo, o Raul, minha tia Sandra, minha vó Divina e outras pessoas, desceram a rua, foram nas ruas de cima, na pracinha e nada até que cansaram aliás esgotaram os meios de buscas e voltaram para a casa, chegando lá eu com a maior cara quem não queria nada e tinha acabado de acordar estava sentado quietinho na escada da cozinha, minha mãe me olhou com a maior cara de alívio e avisou a turma que eu tinha aparecido e tinha tirado um cochilo no guarda roupas e esse episódio terminou assim.
Nessa época tinha uma bronquite asmática que me tirava o ar, tirava o sossego e a paz, parecia que ia morrer asfixiado. Era uma bronquite alérgica podia estar calor ou frio, na mudança de temperatura de uma para a outra me atacavam contundentemente, meu pai por muitas vezes me levou para muitos lugares fora de São Paulo na tentativa de buscar uma solução, foram simpatias, garrafadas, fortificantes que minha avó preparava e nada, só consegui me libertar dessa indesejável doença praticando esporte modalidade Karate isso na minha adolescência. Depois disso nunca mais sofri com esse problema.
Eu e meus irmãos fomos criados de maneira exemplar, com exemplos do nossos avós, nossos pais e tios. Achava o máximo ver minha avó confeccionar massas de macarrão, pastéis, canudinho de doce de leite, bolos enfim ela não passou despercebida pois esse dom ela dividiu comigo e meus irmãos, minha mãe também fazia belos nhoques, sopas, molhos, uma maionese batida no garfo que ficava melhor que a hellmann's, e não é atoa que que éramos batatinhas(gordinhos), sem contar o manjar branco com aquelas ameixas pretas que meu irmão ficava enlouquecido de tão bom que era. Ao poucos fui me achegando na cozinha, comecei com 9 anos, aprendi com minha mãe fazia feijão, arroz, bife a rolê e já cozinhava fora toda vez que minha avó Elza me pedia comprar carne no açougue do seu Eduardo, quando voltava pedia para que eu preparasse um bife a rolê ou uma carne assada, mais o arroz e a salada, isso fiz por muitos anos……
Minha fase escolar, como de costume na cronologia de minha época, minha mãe fez minha matrícula, me preparou e comecei minha carreira escolar aos sete anos, exatamente em 1969 na Escola Municipal do Jardim da Saúde.
Uma escola bem localizada num bairro de classe média na antiga Av Osvaldo Aranha, apesar de pública, o nível de ensino era considerado ótimo e grande parte dos alunos moravam nos arredores e estava aberta a todas as classes sociais.
No meu primeiro dia de aula, de posse de um caderno, um lápis preto e uma borracha estava pronto. Toda empolgada minha mãe me deu um banho, almoço e no horário combinado me levou para meu primeiro dia de aula. Quando entrei na escola fiquei um tanto ressabiado com aquele ambiente que era novidade para a maioria que também estava começando comigo. Naquela época o regime militar fazia parte como forma de governo no Brasil, os alunos tinham que perfilar por ordem de tamanho e classe, distância de um braço da esquerda para direita como nos quartéis das forças armadas, na sequência todos cantavam o hino nacional, o hino da bandeira e o hino da Proclamação da República depois cada professora dava o comando para seguir à sua respectiva sala de aula.
Neste primeiro, me senti um tanto perfeccionista pois na aula, dei meus primeiros passos para aprender escrever, a desenhar fiz alguns rabiscos mas acabei não gostando do que tinha feito na sala de aula e rasguei tudo. Quando cheguei em casa minha mãe toda ansiosa me pediu para ver o eu tinha feito na escola, eu tinha rasgado e jogado tudo fora por achar que tinha ficado feio. Ela sorriu e falou que tudo que aprendemos no início muitas vezes não vai sair com a perfeição como queremos mas que temos que ter a paciência que o tempo ensina…. e não precisa jogar fora para que sirva de referência para as lições seguintes. Nunca mais esqueci deste ensinamento.
Eu era muito tímido, falava pouco e tinha a fama de ter tirado o Diploma do primeiro ano, isto mesmo repeti por três vezes a primeira série. Esta destoada repetência foi motivada por um problema de visão que foi descoberto muito tempo depois, exatamente 1095 dias após, exatamente 3 anos. Corrigidos esse problema comecei a evoluir na escola e finalmente fui passando as etapas com mais facilidade.
Cheguei a concluir o Primeiro grau na Escola Municipal de Primeiro Grau do Jardim da Saúde, conclui o segundo grau no Colégio Ypiranga.
Prestei vestibular para MusicoTerapia na faculdade Marcelo Tupinambá onde cursei por 2 anos mas não era o que eu queria. Passado mais um tempo ingressei via vestibular na Universidade Brás Cubas, cursei 4 semestres no curso de Administração de Empresas custeado pela empresa que trabalhava, como fui dispensado por políticas internas tive que parar. Por fim acabei me formando em Curso Superior de Tecnólogo de Polícia Ostensiva e Preservação da Ordem Pública pela Polícia Militar onde me firmei por 21 anos no Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo.
@luiz1114
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